Lembro a primeira vez que conheci
Parati, no estado do Rio de Janeiro, uma pequena cidade na beira do mar cheia
de casinhas brancas e molduras coloridas nas janelas e portas. Relembro agora
que achei um charme andar por ali. Voltei diversas vezes depois daquela data,
mas um momento especial foi minha primeira viagem com o namorado, hoje marido. Uma
rápida passagem já que nosso destino final era Ilha Grande, mas as casinhas
ganharam novas cores aos nossos olhos e restaurantes com sabores harmônicos
confirmaram uma paixão em comum: viajar.
Ah Parati...
Há um mês atrás visitamos
Tiradentes, uma das cidades históricas do estado de Minas Gerais, e a sensação
ao visita-la me transportou a Parati. Ruas de pedra e as mesmas casinhas brancas
com detalhes coloridos estão espalhadas pela cidade. Em se tratando de boa
mesa, Parati ganha, os charmosos restaurantes ainda estão chegando na cidade de
Tiradentes, mas isso não impediu que encontrássemos o restaurante Memórias que
nos acomodou em seu jardim memorável em uma tarde ensolarada de segunda-feira.
Antes dessa pausa, já tínhamos
caminhado por suas ruazinhas e visto que a antiga cadeia pública passa por
reforma para abrigar o Museu de Arte Sacra. A sua frente está a igreja do
Rosário dos Pretos, feita por escravos que não eram autorizados a frequentar a
igreja dos brancos. Notamos um pequeno detalhe: olhando a igreja de frente
consegue-se observar à direita ao alto a Matriz de Santo Antônio, a igreja dos
brancos. Correm boatos que durante a construção da matriz, os escravos pegavam escondidos
parte do material e desciam para construir o seu ponto de devoção, a pequenina
igreja.
Tiradentes, mas poderia ser confundida com Parati
Uma das gemas da cidade é o
chafariz de água potável datado de 1749. Hoje o chafariz atende com água
fresquinha toda a cidade (não esqueçam a garrafinha!). Atrás do chafariz, à
direita, há uma porta quase escondida por onde adentramos uma trilha que segue
acompanhada por um caminho de pedras, por ele ouve-se um barulho de água
corrente que abastece o chafariz. Note que as pedras pesadas mostram o trabalho
que os escravos tiveram para fazer o trajeto.
O relógio da matriz de Tiradentes
Parati também guarda relíquias da
arte religiosa católica, além de guardar segredos da maçonaria. Dizem por aí
que até a organização do centro histórico possui raízes maçônicas. As artes
aparecem em detalhes nas duas cidades, seja na arquitetura ou nas pequenas
lojinhas charmosas. O charme também acontece na moldura das cidades: a mineira
Serra de São José e a fluminense Serra da Bocaina.
Pausa para água fresca em Tiradentes
É quase impossível não suspirar pelas duas cidades. Elas são irmãs sem nunca se conhecerem. O
mar, encontrado em Parati, é o diferencial da primogênita. E se conhecer primeiro Parati lembre que uma cidade lá no
interior de Minas Gerais aguarda sua visita. Se decidir visitar a cidade
mineira lembre-se que ela está ali para ti.
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