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terça-feira, 22 de abril de 2014

Volta ao mundo em 50 países

Gaúcho de 59 anos, que acaba de atingir a marca, conta como planeja suas viagens;
além das histórias, os encontros e os amigos que fez mundo afora, inclusive uma rainha.

por Eliana Loureiro

A trilogia “O Senhor dos Anéis” se inicia com o conselho do personagem Bilbo Bolseiro a seu sobrinho e herdeiro Frodo:"... É perigoso sair porta afora, Frodo...Você pisa na estrada, e se não controlar seus pés, não há como saber até onde você pode ser levado..." 

É essa frase que me vem à mente ao conversar com Daniel Conrado, um gaúcho de Porto Alegre, de 59 anos, administrador com mestrado em Gestão Ambiental, que trabalha como consultor, atualmente com análise de riscos para grandes eventos. Conrado começou a viajar para o exterior aos 22 anos, mas antes disso já viajava de carona pelo Brasil, no melhor estilo mochilão.

Hoje, 37 anos depois, Conrado acumula amigos das mais diversas nacionalidades; o casamento com uma estadunidense; fluência em quatro línguas, noções de outras cinco; vivência por pelo menos um mês em dez países diferentes; e muita história interessante pra contar (conheceu até a rainha da Jordânia!).

Conversei com Daniel Conrado por e-mail, pois, claro, ele está em mais uma de suas viagens (atualmente está no Canadá), uma viagem importante, uma vez que acaba de atingir a marca de 50 países visitados. Quase um país visitado por ano, 26% de todo o planeta desbravado. Uma experiência de vida que será comemorada com uma grande festa, no melhor estilo do setuagésimo décimo primeiro aniversário do personagem Bilbo, que abre a saga de J.R.R.Tolkien.
Na ilustração, todos os países visitados por Daniel Conrado marcados com um alfinete vermelho.
Arte: Adriano Lima

Turistando por aí: Podemos afirmar que você é um apaixonado por viagens? Se sim, você sabe dizer quando começou essa paixão?
Daniel Conrado: Sou completamente apaixonado por viagens. Lembro-me da primeira vez que fui a Santa Catarina, mais especificamente a Garopaba, eu devia ter uns 12, 13 anos. O caminho incluía uma subida de morro, e quando o carro chegou lá em cima, eu fiquei extasiado com a visão do mar azul, muito diferente do que eu estava acostumado. Aquilo me marcou tanto, que depois dali eu nunca mais tirei as viagens da cabeça, e sempre que podia, viajava!

“Lembro-me da primeira vez que fui a Santa Catarina, (...) eu devia ter uns 12, 13 anos. O caminho incluía uma subida de morro, e quando o carro chegou lá em cima, eu fiquei extasiado com a visão do mar azul, (...). Aquilo me marcou tanto, que depois dali eu nunca mais tirei as viagens da cabeça, e sempre que podia, viajava!”

TPA: Você começou a viajar por uma necessidade de trabalho, aprendizado, ou foi apenas por lazer mesmo?
D.C.: Comecei a viajar aproveitando toda e qualquer oportunidade, fosse a trabalho, para estudar, ir a encontros ou congressos, férias... Sempre dou um jeito de encaixar uns dias de férias em uma viagem a trabalho, por exemplo. E aproveito cada dia para conhecer aquilo que me interessa. 

 Com o golfinho Andy no Blue Lagoon Island, nas Bahamas,local onde foi filmado A Lagoa Azul.
Foto: arquivo pessoal.

TPA: Na sua assinatura de e-mail, você usa uma frase do livro “Mar Sem Fim” de Amyr Klink que afirma "Hoje entendo bem meu pai. Um homem precisa viajar...” Explique a importância desta frase para você. É um lema para sua vida?
D.C.: A frase do Amyr Klink se tornou um lema para mim. (...) Viajar para mim é um estado de alma, uma necessidade. Se passo muito tempo sem viajar, começa a me dar uma síndrome de abstinência. Eu preciso viajar!

TPA: Dos cinco continentes, quantos você conhece? Sabe dizer quantos países?
D.C.: Conheço os cinco continentes, mas bem menos a Ásia; até agora foram 47 países, mas quando terminar esta viagem que estou fazendo agora (estou no Canadá) serão 50 países. Quando eu chegar de volta a Porto Alegre, pretendo fazer uma festa dos 50 países.

 Daniel Conrado com amigos em uma viagem ao interior do Rio Grande do Sul.

Foto: arquivo pessoal.

TPA: Quantas línguas você fala? Quantas fluentemente?
D.C.: Falo quatro línguas. Fluentemente: português, francês, inglês e espanhol. Consigo compreender italiano, mas falo muito pouco, sei algum alemão e árabe, e consigo ler em russo.

TPA: Em quantos e quais países já viveu? Por quanto tempo em cada um? O que tem a contar sobre esses países?
D.C.: Vivi na Bélgica durante um ano, foi a minha primeira experiência de moradia no exterior e foi muito importante, pois lá comecei a compreender melhor o mundo, inclusive o meu próprio país. Sempre que a gente se distancia do lugar onde nasceu e/ou foi criado e/ou onde vive, podemos ter uma ideia mais clara dele. Na Bélgica fiz o meu aprendizado de francês e conheci muitas pessoas. Bruxelas é uma cidade internacional, sede da OTAN, do Parlamento Europeu e de vários organismos internacionais. É chamada de “o Carrefour da Europa” (Carrefour significa cruzamento em francês), pois está próxima das grandes potências: França, Alemanha e Inglaterra. O deslocamento é fácil. Além disso, é uma cidade muito cultural. Lá me apaixonei pelo Balé do Século XX, e não perdia um espetáculo. Era sócio de um cinema na esquina da minha casa, pagava por mês e podia ir todos os dias, cada semana era um ciclo: Truffaut, Woody Allen, Antonioni, Bertolucci, Fellini, Pasolini, Resnais... Enfim, tudo de bom. Bruxelas tem muitas salas de jazz também, que eu adoro.

Morei na França (Paris) por dois anos, trabalhando nas mais diversas coisas, sempre ilegal. Foi uma vida difícil. Passei também alguns meses na Inglaterra (Londres) e na Alemanha (Bad Godesberg, pertinho de Bonn).
Estudei e morei na Dinamarca (Elsinore), nos Estados Unidos (Cleveland), na Inglaterra, em outra ocasião (Dartington).
Morei e trabalhei na Jordânia (Amã), para onde ia e voltava seguido, por dois anos e meio. Trabalhava em um instituto que pertencia à Universidade das Nações Unidas, o braço acadêmico da ONU.
Morei (se é que passar um mês pode ser morar) no México, Equador, Colômbia e agora no Canadá. Dá pra aprender muito do cotidiano dos países quando a gente está numa casa, tem que fazer compras, enfim, participa da vida do país.
 

 
 Daniel Conrado brinda à vida com uma cerveja sem álcool, em Siena, Itália.
Foto: arquivo pessoal.

 

 Daniel Conrado e sua esposa em visita ao Grand Canyon, nos EUA.
Foto: arquivo pessoal.

TPA: Sei que você prefere fazer viagens que saiam do roteiro tradicional, que você seja capaz de conhecer o dia a dia da população nativa do lugar. Por que isso?
D.C.: Eu geralmente não faço viagens com pacotes, prefiro eu mesmo fazer o meu roteiro, que na grande maioria das vezes acaba saindo fora do puramente turístico. Eu gosto de explorar locais diferentes, adoro visitar ruínas. Gosto de fazer contato com os locais, com a população, aprender como vivem, o que pensam. Viajar é sempre um aprendizado para mim. Começa antes da viagem propriamente dita. Gosto de ler sobre os países que vou visitar, sua história, geografia, política e sociedade. Os povos que já habitaram a região. As curiosidades. Saber um mínimo da língua, pois isso aproxima as pessoas. Nem que seja olá, tchau, obrigado, meu vocabulário em chinês.

“Viajar é sempre um aprendizado para mim. Começa antes da viagem propriamente dita. Gosto de ler sobre os países que vou visitar a história, a geografia, a política, a sociedade. Os povos que já habitaram a região. As curiosidades. Saber um mínimo da língua, pois isso aproxima as pessoas. Nem que seja olá, tchau, obrigado, meu vocabulário em chinês.”

Conrado realiza seu sonho de dirigir uma Ferrari vermelha em circuito de alta velocidade, em Las Vegas (EUA).
Foto: arquivo pessoal.

 Em viagem a trabalho no Acre (sim, ele existe!).
Foto: arquivo pessoal.

Acompanhe o blog para a segunda parte da entrevista!

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