por Eliana Loureiro
Turistando Por Aí: Conte algumas histórias sobre as viagens que fez.
D.C.: As histórias
são muitas. Lembro-me de uma viagem que fiz por Portugal, Espanha e França. Na
França, fiquei na casa de três franceses que havia conhecido em outras
viagens. Não é muito comum franceses oferecerem suas casas, mas talvez pelo
fato de eu falar francês, isso tenha ocorrido. A primeira casa foi a de um
francês chamado Monsieur Cabau. Eu o conheci, junto com sua filha e uma amiga
dela, na Patagônia, mais precisamente em El Calafate, na Argentina. Dividíamos
um banheiro e uma cozinha numa pousadinha. Ouvi alguém falando francês e não resisti,
fui lá me meter. Eles ficaram muito contentes de alguém falar francês com eles,
pois estavam tendo dificuldades de comunicação. Eles falavam espanhol, mas na
Argentina não conseguiam entender nem ser entendidos, diziam que lá não se
falava espanhol e sim, argentino... Adoraram falar comigo e me deram endereço,
telefone e e-mail.
Algum tempo depois, estive em Paris, onde as meninas
moravam, e liguei para uma delas. Era um sábado e ela estava saindo de Paris de
trem, mas me pediu um tempo e retornou a ligação dizendo que estava voltando
para a cidade para me encontrar. No dia seguinte, eu, ela e a amiga passamos a
tarde conversando em um café parisiense. Ela ligou para o pai, que mora em
Toulouse, e ele queria que eu fosse conhecer a sua casinha, nos Pirineus. Disse
que não podia naquele momento, mas aceitei o convite para outra ocasião, que
ocorreu dois anos depois, nesta viagem que mencionei. Eu saí de Barcelona,
cruzei por Andorra e lá nos Pirineus segui a indicação das meninas para achar a
cidadezinha, na verdade, uma aldeia. Já era noite quando cheguei à casa dele e
encontrei um bilhete na porta, dizendo que ele e a esposa estavam jantando na
casa de amigos e que eu ligasse para lá. Ele veio imediatamente, mostrou-me a
casa, indicou-me o quarto e pediu licença, pois estava voltando para o jantar,
pedindo que eu ficasse à vontade na casa dele! Só fui conhecer a esposa no dia
seguinte, pois eles voltaram tarde e eu já estava dormindo. Ela fez um ratatouille dos deuses e almoçamos no
pátio da casinha num clima extremamente agradável. Que “marravilha”!
Casa
nos Pirineus
Foto: arquivo pessoal.
A segunda
casa foi a de um casal que conheci na Polinésia Francesa, estávamos no mesmo
hotel e quando eles viram que eu falava francês, não nos desgrudamos mais...
Fizeram questão de me dar o endereço, o telefone e o e-mail, e me convidaram
para a casa deles! Desci os Pirineus, cheguei à cidadezinha de Istres, perto de
Marselha, e fui a primeira pessoa a saber, fora o marido, que estava fora a trabalho,
que a Karine estava grávida! Foi uma festa, ela tinha sabido naquela manhã. Os
outros amigos e família ficaram sabendo depois de mim! Fiquei uma noite lá,
depois fiz toda a Côte d’Azur até Mônaco e voltei. A Karine organizou uma festa
para me apresentar aos amigos dela e comemorar a gravidez. Foi muito legal
compartilhar esse momento com ela!
Daniel encontra um restaurante com seu nome
em Orange (França).
Foto: arquivo pessoal.
A
terceira casa foi a de uma amiga francesa que eu havia conhecido há 18 anos, no
Peru, e que já havia passado uma semana na minha casa. Ela tinha recentemente
se mudado de Lyon para uma aldeiazinha, onde herdara uma casa do avô. Eu avisei
que estava chegando enquanto almoçava em Lyon, e umas três horas depois,
cheguei ao local. A Dominique tinha ido ao bosque perto da casa dela e havia
colhido amoras fresquinhas, com as quais fez uma fantástica torta! Passamos o
tempo todo com ela entusiasticamente me mostrando o resultado de suas
plantações na sopa que comemos aquela noite! Ela também me mostrou um potinho
amarelo de plástico e perguntou se eu sabia o que era aquilo. Eu não sabia, e
ela me disse que era um potinho que a minha mãe tinha dado a ela cheio de doce
de casca de laranja, que minha mãe costumava fazer. Ela tinha guardado o
potinho por 18 anos como recordação! Fiquei muito emocionado. Como é importante
a amizade!
Daniel
Conrado visita a Acrópole na Grécia. Foto: arquivo pessoal.
TPA: Tem histórias engraçadas?
D.C.: Tem várias
histórias engraçadas, mas lembro de uma num hotelzinho na Bolívia, onde o
chuveiro era controlado por outra pessoa, do lado de fora. A gente tinha que
ficar gritando lá de dentro “está caliente”, “está fria”, até acertar a
temperatura. Bom, tomei meu banho e comecei a gritar para que fechassem a água,
e nada... Fiquei uns 30 minutos embaixo do chuveiro ligado esperando se
lembrarem de mim... Não podia sair porque estava pelado e não podia colocar a
roupa sem desligar o chuveiro.
TPA: Sei que em uma de suas viagens, você conheceu uma rainha. Como foi
isso? Os amigos, pessoas que conhece, são um dos grandes presentes das viagens?
D.C.: Quando eu
trabalhava para a ONU, na Jordânia, em um dos períodos fui instrutor de uma
turma do curso de Liderança para Jovens, que era realizado todos os anos. Uma
das atividades foi uma entrevista com a rainha Noor, que se tornou rainha da
Jordânia quando casou com o rei Hussein. O rei da Jordânia no momento é o
Abdullah II, filho mais velho do Hussein com a primeira mulher dele. Rainha
Noor continua, entretanto, com o status de rainha, pois era a mulher do rei
quando ele faleceu. Ela na verdade é americana, e se tornou jordaniana pelo
casamento. Fomos recebidos no Palácio Real, ela mandou colocar tapetes e
almofadas no jardim e os alunos fizeram muitas perguntas. Ela é uma mulher
belíssima e muito inteligente, extremamente preparada. Saiu-se muito bem em todas
as perguntas, até as mais ousadas e difíceis. Além disso, muito simpática. Foi
uma experiência e tanto!
Daniel Conrado cumprimenta a rainha Noor.
Isso sim é majestade.
Foto: arquivo pessoal.
Clique aqui a primeira parte da entrevista.
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